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Arquitetos: Patrícia Marques e Paulo Costa, Site Specific Arquitectura
- Área: 2500 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Daniel Malhão
Descrição enviada pela equipe de projeto. A escola localiza-se na fronteira entre o Bairro de Caselas e o Parque Natural de Monsanto, em Lisboa. O bairro foi construído de raíz, em 1949, como um bairro social de ambiente suburbano de baixa densidade populacional, recriando o ambiente da aldeia. O lote corresponde a uma interrupção da massa florestal, cuja presença é ainda reconhecível pelo pinhal adulto e consolidado que define o seu perímetro sul e pelo enorme pinheiro localizado na entrada da escola. A norte, o lote confronta edifícios de habitação multifamiliar de três pisos. O lote faz ainda a transição de cota entre o pinhal – cota alta – e o bairro – cota baixa. A escola original é construída em 1956, de acordo com o modelo da Estremadura do Plano dos Centenários. Tem quatro salas distribuídas por dois pisos, em duas alas autónomas (masculino e feminino), complementadas por um alpendre a norte, onde existiam as instalações sanitárias. Mais tarde foram construídos dois edifícios secundários.
A intervenção previa a reabilitação dos edifícios existentes e a ampliação da escola, incluindo valências como jardim infantil e espaços de aprendizagem informal. Optou-se por requalificar apenas o edifício original, recuperando a sua identidade, e construir a maioria dos novos espaços na cota baixa do lote. Esta opção permite manter a volumetria da escola mais enquadrada na envolvente, sem descaracterizar o edifício existente, e, em simultâneo, cria uma cobertura acessível na extensão do alpendre, recuperando a ideia de terreiro da tipologia original.
A nova construção funciona como elemento de ligação entre a envolvente e o edifício histórico, onde pátios e aberturas para o exterior criam atravessamentos visuais e ligações volumétricas que reforçam a relação com o bairro e com o pinhal. A construção na cota alta é muito pontual, com dois edifícios que envolvem o edifício existente, central, ligados apenas por uma cobertura, que permite uma circulação contínua em área coberta em toda a escola. A poente a entrada principal, biblioteca e serviços administrativos e a nascente a sala polivalente e espaços de apoio. A partir destes espaços acede-se ao piso inferior onde novas salas de actividades estendem-se a pátios exteriores, permitindo uma forte relação com o exterior a partir de todos os espaços, mesmo as circulações.
As salas do jardim infantil e o refeitório têm acesso directo ao recreio exterior na cota inferior. Ainda no piso inferior, com um acesso autónomo, distribuem-se as áreas de serviço de apoio ao refeitório. O edifício existente centraliza as salas de ensino básico, que usufruem agora, assim como a sala polivalente, de um recreio maior, que combina áreas de actividades e espaços verdes, tal como o recreio do Jardim Infantil. A distribuição pelos dois pisos e a existência dos pátios no piso inferior permite criar a ilusão de apenas um piso de ampliação, que acompanha a topografia da envolvente e permite criar espaços exteriores generosos e autónomos, com características diferentes.